
A falta de sono é um problema comum na sociedade moderna, e os seus impactos na saúde vão muito além do cansaço e da irritabilidade. Estudos recentes indicam que a privação de sono pode ter efeitos adversos significativos na perda de peso, nos hábitos de vida saudáveis e na qualidade de vida em geral.
Diversos estudos demonstram que a falta de sono está associada ao ganho de peso e à obesidade. A privação de sono altera a regulação das hormonas que controlam o apetite, nomeadamente a grelina e a leptina. A grelina, que estimula o apetite, tende a aumentar com a falta de sono, enquanto a leptina, que sinaliza saciedade ao cérebro, diminui. Este desequilíbrio hormonal pode levar ao aumento da ingestão calórica, especialmente de alimentos ricos em gordura e açúcar, que são frequentemente consumidos como "conforto" quando se está cansado.
Um estudo publicado no "American Journal of Clinical Nutrition" descobriu que indivíduos que dormem menos de seis horas por noite consomem, em média, 385 calorias adicionais por dia em comparação com aqueles que dormem entre sete a nove horas . Este aumento calórico diário pode contribuir significativamente para o ganho de peso ao longo do tempo.
A falta de sono não só afeta o apetite, mas também reduz a motivação para a prática de atividades físicas. A fadiga e a falta de energia resultantes do sono insuficiente tornam o exercício físico menos atrativo e mais difícil de ser realizado com regularidade. Além disso, a privação de sono pode afetar a função cognitiva, diminuindo a capacidade de tomar decisões saudáveis, como optar por alimentos nutritivos e evitar comportamentos de risco, como o consumo excessivo de álcool e tabaco.

A qualidade de vida é um conceito amplo que inclui a saúde física, mental e emocional. A privação de sono tem um impacto negativo em todas estas áreas. Do ponto de vista físico, a falta de sono está associada a um maior risco de desenvolver doenças crónicas, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares . Mentalmente, a falta de sono contribui para o aumento dos níveis de stress, ansiedade e depressão. Emocionalmente, a falta de sono pode prejudicar os relacionamentos interpessoais, pois a irritabilidade e a falta de paciência tendem a aumentar .
Em Síntese, para manter um peso saudável, bons hábitos de vida e uma qualidade de vida elevada, é essencial garantir uma quantidade adequada de sono. Dormir entre sete a nove horas por noite deve ser uma prioridade para todos aqueles que desejam melhorar a sua saúde global.
Para além de uma boa higiene do sono, a prática regular de exercício físico é fundamental para uma vida saudável. O exercício não só ajuda a regular o peso, mas também melhora a qualidade do sono, reduz o stress e aumenta a energia e o bem-estar geral. Faça do exercício físico uma parte integral do seu dia-a-dia. Não é necessário começar com treinos intensos; pequenas mudanças, como caminhadas diárias e treino de força com o peso do corpo podem começar a fazer uma grande diferença na sua saúde e qualidade de vida.
Referências:
1. Spiegel, K., Tasali, E., Penev, P., & Van Cauter, E. (2004). Brief communication: Sleep curtailment in healthy young men is associated with decreased leptin levels, elevated ghrelin levels, and increased hunger and appetite. *Annals of Internal Medicine, 141*(11), 846-850.
2. Nedeltcheva, A. V., Kilkus, J. M., Imperial, J., Kasza, K., Schoeller, D. A., & Penev, P. D. (2009). Sleep curtailment is accompanied by increased intake of calories from snacks. *American Journal of Clinical Nutrition, 89*(1), 126-133.
3. Kline, C. E. (2014). The bidirectional relationship between exercise and sleep: Implications for exercise adherence and sleep improvement. *American Journal of Lifestyle Medicine, 8*(6), 375-379.
4. Knutson, K. L., & Van Cauter, E. (2008). Associations between sleep loss and increased risk of obesity and diabetes. *Annals of the New York Academy of Sciences, 1129*(1), 287-304.
5. Baglioni, C., Battagliese, G., Feige, B., Spiegelhalder, K., Nissen, C., Voderholzer, U., ... & Riemann, D. (2011). Insomnia as a predictor of depression: A meta-analytic evaluation of longitudinal epidemiological studies. *Journal of Affective Disorders, 135*(1-3), 10-19.
Comments